Aspecto de Liceu Paraense, onde funcionou a biblioteca pública e o Museu Paraense, foto de F. A. Fidanza, publicado no Álbum do Pará em 1899, Op. cit, p. 51, coleção de Luis. C. B Crispino.
A arquitetura se ramificou em várias direções. A tradição
neoclássica continuava a dominar prédios públicos, bancos, bibliotecas,
instituições educacionais e prefeituras. Os arquitetos usavam do estilo Beaux- Art (estilo originado na escola
de Belas Artes de Paris). O estilo greco-romano dessa arte era, nas metrópoles,
os adornos e arcos. Também se investia na construção de pontes, fábricas e
armazéns.
Na metade do mesmo século (XIX) torna-se mais acirrado o
processo de embelezamento das cidades brasileiras, tentado, principalmente,
imitar as cidades européias, principalmente a cidade de Paris, referência de
como viver em sociedade (modos, costumes, vestimentas, cultura, arquitetura,
etc...) dessa época. E é nesse contexto histórico de urbanização das cidades
que Belém irá se inserir e se tornar a “Paris dos trópicos”.
Ao falarmos
de Belle Époque (de 1870 a 1910
na Amazônia) logo nos remetemos à enorme modernização que Belém, localizada no
Estado do Pará, teve graças ao crescimento da economia da borracha, a qual era a
principal exportadora do país. Através desse crescimento econômico houve um
desenvolvimento estrutural e crescimento populacional significativo em Belém,
surgindo assim, a chamada Belle Époque de Belém.
Com esse
crescimento houve também a necessidade de regularizar o ensino em Belém, pois,
o presidente da província do Grão Pará na época, Bernardo de Souza Franco,
condenava as condições de abandono em que se encontrava o ensino secundário na
região, criando assim o “Liceu Paraense” (atual colégio estadual Paes de
Carvalho).
Fundado
pelo presidente da província do Pará, Bernardo de Sousa Franco a mando de Dom
Pedro II nos moldes de um colégio igual existente no Rio de Janeiro, no dia 28
de julho de 1841, o colégio “Paes de Carvalho” (localizado no
bairro do Comércio em frente à Praça Maria de Jesus, nº 10) era chamado de Liceu Paraense.
Durante a
República, seu nome passou a ser “Paes de Carvalho”, sendo, depois da revolução
de 1930, substituído por “Ginásio Paraense”. Mais tarde transformou-se em
colégio estadual, em cumprimento à lei federal que transformou os ginásios em
colégios, no que retomou o nome do período republicano.
A Rigidez nas regras é uma das características do “Paes de
Carvalho”, como também é tradicional o uniforme e a escadaria. A escada do lado
esquerdo é usada pelas meninas, a do lado direito pelos meninos (apesar de
estudarem mistamente) e a escada central pelos professores e funcionários.
Quanto ao uniforme, meninos e meninas usam meias brancas e calças/saias azuis.
A camisa é sempre, obrigatoriamente, por dentro da calça ou da saia.
“Lembro que naquele tempo era moda sair de chapéu nas ruas, feitos
todos de lona e inclusive no colégio se usava, com calçados fechados, meias e
uniforme.”
(Professora Riza Bandeira,
entrevistada pela emissora RBA, no período em que se estudava na belle époque.)
II-RELAÇÕES E ARTICULAÇÕES:
Para
entender melhor o tipo de arquitetura vigente na Belle Époque, teremos que levar
em conta que nesse período eram vigentes cinco tipos de arte no Brasil: o Neoclássico,
o Eclético, o Art Noveau, o Romântico e o Realista.
No caso do
atual colégio estadual Paes de Carvalho, pode-se observar que a estrutura
arquitetônica do prédio é essencialmente neoclássica, pois logo em sua fachada
pode-se visualizar o frontão, um pequeno pórtico colunado (colunas nos moldes
clássicos), cores em tons de branco e cores suaves como o azul-pastel em suas
portas, além de possuir uma arquitetura tipicamente simétrica e decorações
internas que remetem a arquitetura clássica.
“[...]
Caracterizada pela
clareza
construtiva e simplicidade de formas. Apenas alguns elementos
construtivos
como cornijas e platibandas eram explorados como recursos
formais.
Os corpos de entrada compunham-se de escadarias, colunatas e
frontões
de pedra aparente, formando conjuntos, cujas linhas severas
evidenciavam
um rigoroso atendimento às normas vitruvianas.”[1]
[1]
UFMS – Trabalho de Arquitetura Neoclássica – 2007, Pag. 16
Figura 1 No interior pode-se ver pequenos detalhes no teto
com
elementos de arquitetura clássica (Folhas e flores
gregas).
Figura 2 Foto do salão nobre do colégio Paes de Carvalho.
Outro
exemplo de edificação fundada nessa época era o antigo prédio do colégio “Lauro
Sodré”, hoje Palácio da Justiça do Estado do Pará, onde nele estão contidas
praticamente as mesmas características do estilo neoclássico existentes no
colégio Paes de Carvalho, porém um pouco mais refinado em seus detalhes
decorativos.
III – CONSIDERAÇÕES FINAIS:
A Belle Epoque nos deixou inúmeras riquezas as quais foram
vivenciadas por uma sociedade burguesa que até hoje nos relembra aquele tempo
de grande luxo nas cidades onde foi desenvolvido o embelezamento com finalidade
de educar e embelezar os centros urbanos, como Belém.
A intenção era fazer de Belém uma cidade moderna e atraente,
a exemplo de grandes cidades brasileiras e europeias, como o Rio de Janeiro, no
Brasil e Paris na França.
E é assim que a instituição de ensino Paes de Carvalho assumiu
uma postura conservadora de educar nos moldes da sociedade européia, deixando
um extraordinário legado em nossa sociedade contemporânea.
Esse colégio passou por várias reformas e mudanças como a
que foi feita em 1992, com a inauguração do prédio anexo a escola, onde funcionava
uma unidade pública de saúde e agora funciona o convênio. Outra raridade
escondida no prédio é um imponente salão nobre, onde hoje estão guardados parte
da história da instituição.
Antigamente, para ingressar no ”Paes de Carvalho” era
necessário ser aprovado em um teste de seleção, o chamado "vestibulinho", o qual
teve sua última realização no ano de 1999, para alunos ingressantes no ano de
2000. Hoje a seleção é feita pela inscrição no site da SEDUC.
Atualmente, o "Paes de Carvalho" é um colégio de ensino regular, funcionando em três turnos, das 7h30 às 22h, onde estudam 1.846 alunos, distribuídos em 50 turmas: 24 no turno da manhã, 20 no turno da tarde e 5 no turno da noite.
Atualmente, o "Paes de Carvalho" é um colégio de ensino regular, funcionando em três turnos, das 7h30 às 22h, onde estudam 1.846 alunos, distribuídos em 50 turmas: 24 no turno da manhã, 20 no turno da tarde e 5 no turno da noite.
Atualmente, o Colégio Paes de Carvalho é hoje a terceira
instituição pública de ensino preservada em seus moldes antigos, mais antiga em
funcionamento do Brasil e a mais tradicional do Estado do Pará. Com 168 anos de
história, formou os principais nomes da história da capital e do estado do Pará
como: Jade Barbalho, José Arthur Tourinho e Hamilton Guedes que iriam para o
mesmo rumo político. Também de Frederico Coelho de Souza, Milton Nobre, Haroldo
Silva, Ronaldo Vale, Francisco Monteiro e muitos mais.
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS:
COSTA, Tadeu Luiz - Apresentação de Slides sobre a
Belle Époque - 2013
Manual
de Orientação do Aluno – Colégio Paes de Carvalho
SOCORRO, Maria do Perpétuo - Raízes
históricas do ensino secundário público na província do grão Pará: O liceu
paraense. 1840-1889
PAIVA, Renata, história do Pará, 4º ou 5º ano,
São pulo 2011.
STRICKLAND, Carol, Arte comentada: da Pré- história ao pós moderno,
Rio de janeiro: Ediouro, 2004.